sábado, 22 de fevereiro de 2020

Reflexões sobre a folia de Momo





Começa o carnaval! Que rufem os tambores!!!!

Máscara prateada sobre mesa com diversos adereços
Reprodução Internet


Ou melhor dizendo, que comecem os acordes das marchinhas,  sambas, frevos, maracatus e demais ritmos que embalam esta festa que, particularmente no Brasil, pára o país. A data do carnaval propriamente dito e que aparece no calendário como feriado é a terça-feira, mas a folia começa bem antes e é aguardada por muita gente, não só pelos que pulam o carnaval, mas para os que preferem aproveitar a folga prolongada para fugirem da correria do dia-a-dia.

O que me chamou a atenção enquanto eu dava uma pesquisada sobre a origem da festa foi perceber algo que não precisa ser tão genial para descobrir: o carnaval em qualquer ramificação de sua origem é uma festa que institucionaliza a inversão de valores e a subversão de papéis sociais. É a celebração do " ninguém é de ninguém", "tudo pode", " tudo é permitido e nada é  proibido". Para muita gente, o período serve como uma espécie de válvula de escape, um atalho fugaz para fugir da realidade dura e crua da vida real.

Quarta-feira de Cinzas

Passada a festa vem a quarta-feira de cinzas. Usando de outra referência do imaginário universal, a carruagem de Cinderela ( que aqui uso para ilustrar a pompa e circunstância do carnaval) volta a ser uma abóbora e a magia da alegria transitória acaba. Para alguns, a vida continua, para outros, nem sempre o desfecho é este. É quase uma ironia quando buscamos a origem da palavra carnaval que é do latim carnis levale, cujo significado é " retirar a carne". Nesta festa, o que mais se vê é justamente a soberania " da carne", palavra que no contexto bíblico, principalmente do Novo Testamento, remete a prazeres mundanos e pecado, mas minhas reflexões aqui não querem tomar o viés da religião. O que realmente acho preocupante é a confusão entre " brincar o carnaval"  e o " direito" de desrespeitar o próximo quando se penetra no território e visão de mundo do outro sem a menor cerimônia, sem pedir licença e esquecendo que a liberdade de um termina quando começa a do outro, um tema sobre o qual também já escrevi aqui

A vida continua....

Não posso terminar estas mal traçadas linhas sem fazer aqui a minha homenagem a um colega querido que nos deixou essa semana. Cristiano Góes, um dos caras mais divertidos que já tive a sorte de topar na vida, uma pessoa batalhadora, alegre e cheia de personalidade. Na minha memória ficam as imagens dos momentos divertidos de convívio diário quando fomos colegas de trabalho e o carinho sempre manifestado por ele nos nossos reencontros.


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